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Ergonomia é investimento, não custo

[Cadastrada em: ACI Famesp]

A ergonomia vai muito além de uma exigência normativa. Ela é uma ferramenta estratégica de gestão, capaz de transformar o ambiente de trabalho e gerar impactos positivos tanto para os colaboradores quanto para as organizações. Trata-se de uma disciplina científica voltada à compreensão das interações entre seres humanos e os elementos de um sistema produtivo, com foco na promoção do bem-estar e no aprimoramento do desempenho global.

Com base em uma revisão bibliográfica ampla, fica evidente que a aplicação prática da ergonomia reduz significativamente problemas recorrentes no ambiente corporativo, como absenteísmo, presenteísmo e litígios trabalhistas. Mais do que isso, previne desfechos graves (lesões crônicas, amputações, isolamento social e até óbitos) que muitas vezes têm origem em condições de trabalho inadequadas.

Ao investir em ergonomia, as organizações promovem melhorias reais na qualidade de vida dos trabalhadores. O ganho é direto: ambientes mais saudáveis, seguros e motivadores favorecem a produtividade, reduzem afastamentos e contribuem para a retenção de talentos. A ergonomia se mostra, portanto, como um fator essencial não apenas para a saúde ocupacional, mas também para o desempenho sustentável das instituições.

É fundamental que esse investimento comece cedo, de preferência ainda nas fases de projeto, e que se mantenha como um processo contínuo, integrado ao cotidiano das atividades. A Norma Regulamentadora 17 (NR-17) estabelece parâmetros mínimos, mas é preciso ir além da conformidade legal. Assumir uma postura proativa e estratégica nesse campo é o que diferencia empresas comprometidas com o cuidado e a valorização de seus profissionais.

Além disso, ao integrar ergonomia e qualidade de vida no trabalho (QVT), cria-se um equilíbrio necessário entre as demandas laborais e o bem-estar físico, mental e social dos colaboradores. Essa integração fortalece a cultura organizacional e amplia a competitividade em um cenário cada vez mais exigente.

Diante disso, a ergonomia deve ser vista (e praticada) como investimento. Um investimento que traz retorno. Para o indivíduo, significa saúde, dignidade e reconhecimento. Para a organização, desempenho, sustentabilidade e crescimento.

 

Gabriel Rodrigues é Técnico de Segurança do Trabalho do Hospital de Base de Bauru.

* Este artigo é resultado do trabalho científico do autor intitulado 'Benefícios da ergonomia na saúde e segurança do trabalhador'.