Diretor de assistência do SAEI-DAM destaca avanço na prevenção ao HIV com a chegada PrEP injetável ao Brasil

Na última segunda-feira, 25 de agosto, chegou ao Brasil o primeiro medicamento injetável de longa ação capaz de prevenir contra o HIV. Desenvolvido pela farmacêutica GSK, o cabotegravir, conhecido pelo nome comercial Apretude, já está disponível para compra em farmácias privadas do país, porém, o medicamento ainda não tem previsão de chegada no Sistema Único de Saúde (SUS).

Para o Dr Alexandre Naime, médico infectologista e diretor de assistência do SAEI-DAM, a eficácia superior do Apretude não está ligada à sua composição farmacêutica, mas sim a sua forma de administração. Por ser aplicada a cada dois meses e não diariamente, como o tratamento via oral disponível atualmente, ajuda a aumentar a adesão à profilaxia e reduzir o risco de esquecimento. 

“O fármaco injetável representa um avanço estratégico na prevenção do HIV por reunir três vantagens: maior eficácia, praticidade e ampliação da cobertura preventiva. Embora a PrEP oral continue sendo uma opção importante, o cabotegravir surge como uma nova alternativa disponível no mercado”, afirma o diretor de assistência do SAEI-DAM. 

Mecanismo de ação 

Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023, mas comercializado apenas em 2025, o cabotegravir tem ação semelhante à profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV disponível pelo SUS, com um mecanismo de ação que impede que a pessoa contraia a doença em caso de contato com o vírus do HIV.

No SUS, a PrEP é disponibilizada em comprimidos orais consumidos diariamente. Já a  injeção da GSK oferece 60 dias de prevenção em cada aplicação da PrEP injetável. A profilaxia é indicada para pessoas em situação de vulnerabilidade e exposição ao vírus, como trabalhadores do sexo ou moradores de regiões com alta incidência de contágio do HIV. 

Importante avanço na prevenção do HIV

De acordo com o Ministério da Saúde, em 2023 o Brasil chegou a registrar cerca de 46,5 mil novos casos de HIV. As previsões indicam que, em 10 anos, o total de pessoas vivendo com o vírus do HIV pode chegar a 600 mil.  

O medicamento injetável já disponível nas farmácias é indicado para adultos e adolescentes a partir de 12 anos, com peso mínimo de 35 kg, que apresentem vulnerabilidade e maiores chances de exposição ao vírus do HIV, e apresentem teste negativo para HIV antes do início do tratamento. 

“Com uma proteção de 60 dias, a PrEP injetável facilita a adesão, pois reduz as chances de esquecimento comuns na medicação diária e ainda ajuda a superar barreiras como o estigma, especialmente entre populações mais vulneráveis, como profissionais do sexo, pessoas em situação de rua e aqueles que enfrentam obstáculos culturais e sociais” completa Dr. Alexandre Naime.